O esquizofrênico e a religião: por que não fui crismado?
“Foi quando me afastei que pude compreendê-Lo. E acredite: Ele não é muito diferente de nós.”
Escrevo este artigo poucos dias antes da data dedicada à Padroeira do Brasil; provavelmente, ele será publicado entre os dias 13 e 14 de outubro.
Apesar de ter sido “nascido e criado” na Igreja Católica, não irei à missa de 12 de outubro. Na verdade, faz muito tempo que não entro numa igreja. Não me tornei ateu, mas a vida, a passagem do tempo e, sobretudo, a esquizofrenia, mudaram bastante a minha percepção sobre Deus, o Sagrado e tudo mais.
Comecemos pelo início: nasci em 15 de dezembro de 1987. Não tenho certeza sobre a data do meu batismo, mas não deve ter sido muito tempo depois.
Desde pequeno, acompanhava meus pais na missa, ansioso para que terminasse logo. O motivo: ir o mais rápido possível até a capela de Santa Luzia, onde dezenas de velas deixadas pelos devotos atraíam a minha atenção, devido ao brilho das chamas. O fogo sempre me atraiu e, ali, eu me sentia incrivelmente bem e “conectado” com algo “mágico”.
Aos 9 anos, iniciei-me no Catecismo. Aos 10, a Primeira Eucaristia, não sem antes confessar ao padre os meus piores pecados. E que pecados tão graves uma criança poderia cometer? Não, não vou citá-los aqui, eles fazem parte do passado, foram devidamente confessados e paguei por todos eles. Mas é bom ter em mente que as crianças não são exatamente “anjos de luz”, muitas estão mais para “diabinhos encantadores”.
Seja como for, continuei comparecendo à missa e parcicipando da Comunhão, me esforçando para ser uma boa pessoa; mas o mundo não foi muito legal comigo: sofri um bullying violento (principalmente na escola) e, como bom cristão que tentava ser, oferecia a outra face. Até que, um dia, numa briga, eu finalmente reagi e machuquei seriamente o outro garoto. Pouco tempo depois, parei de estudar.
Eu já não tinha muita certeza de que Deus cuidava de mim. E não quis fazer a preparação para a Crisma (Confirmação), pois considerava uma responsabilidade muito grande me comprometer a seguir na fé católica. Alguns anos se passaram e, mesmo adulto, mantive a mesma posição e, agora, finalmente direi o porquê.
O Catolicismo, assim como outras vertentes onde busquei auxílio, não conseguia explicar o que acontecia comigo, os delírios, as alucinações, sensações e tudo mais. Fora o fato de que, na minha opinião, o que as pessoas pregavam era muito diferente daquilo que viviam de fato.
Porém, mesmo me afastando da religião, continuei estudando sobre o assunto, além de outros temas como Filosofia e Magia, tópicos para os quais muitos “crentes” torcem o nariz: para eles, os questionamentos são falta de fé, e isso “não agrada ao Senhor”. Mas se tem uma coisa que eu acho curiosa é que Deus tenha sempre a mesma conduta e os mesmos valores daqueles que O anunciam. Mas isso é assunto para outra ocasião.
O fato é que foi ao me afastar da religião, e negá-Lo por muito mais do que três vezes,que finalmente O conheci. E os crentes que me perdoem, mas Ele não é muito diferente de nós.
Se você chegou até aqui, te agradeço de coração. Fique a vontade para deixar os seus comentários ao final do post.
Nos vemos em breve!
Música (não tão) aleatória

